Hoje é grande o número de profissionais desempregados no ramo de TI. Às vezes a disputa fica entre 100 currículos ou mais por vaga, quem é de RH ou já precisou contratar alguém sabe como é. Esse índice de candidatos por vaga é mais alto do que de alguns cursos na USP. Nessas condições o seu currículo tem que falar por si só e se destacar na multidão. Depois ele ainda tem que fazer com que você seja chamado para uma entrevista. Na minha opinião é muito trabalho para um simples papel em preto-e-branco.
Uma vez chamado para participar de um processo seletivo, você ainda precisa superar mais uns 30 candidatos, numa espécie de vestibular que não possui regras muito bem definidas e onde não há gabarito para que você conheça seus pontos fracos e tenha a oportunidade de melhorá-los. Realmente é difícil, mas quem disse que seria fácil?
Ser selecionado para essas vagas nem sempre é a solução para seus problemas, você precisa primeiro ser Pessoa Jurídica, carinhosamente chamada de PJ, depois essa sua empresa tem que ser LTDA e você aceitar trabalhar com um salário por volta de 1000 reais, outro detalhe é o inglês e o espanhol, em ambos você tem que ter fluência, e se tudo isso for demais para você, por favor, seja breve, pois tem gente querendo e a fila precisa andar. O mercado está assim.
O que estamos vendo hoje é o reflexo da terceirização que vinha ocorrendo ao longo do final dos anos 90. Nesse período, as grandes empresas de tecnologia emprestavam seu conhecimento para empresas-cliente em troca de contratos de terceirização, eu mesmo participei de um processo onde uma multinacional estava optando entre Compaq, IBM e Stefanini, reconhecidamente grandes empresas de Tecnologia, hoje isso não acontece. Geralmente as terceirizações ficam entre JTI, ALFA-GAMA e MostPowerfull Solutions, empresas desconhecidas, muitas vezes criadas apenas para serem gigolôs de profissionais de TI.
Em parte, boa parte da culpa por essa avalanche de terceirização é nossa. Entrar no mercado de TI é muito bom, você é tratado como um mago de um mundo desconhecido e na minha opinião, muitos não entenderam bem o que isso significava, pois estamos trabalhando num mercado onde a tecnologia se renova totalmente a cada 18 meses. Em medicina, contabilidade e outras áreas não, a evolução existe, porém é mais lenta. Um médico ou um contador sem atualização consegue sobreviver um bom tempo sem problemas, já um profissional de informática não. Um profissional que investiu cerca de 15 mil reais numa certificação MCSE 2000 já sabe que até o final de 2006 ele estará sendo “engolido” por profissionais MCSE 2003 recém saídos do forno.
Essa situação fez com que gerentes de informática percebessem que, a nova expertise e o know-how renovado não estavam entrando em seu departamento e que a toda hora ele precisava sair em busca desse conhecimento mercado, não demorou muito para ele perceber que o melhor seria trazer aqueles profissionais atualizados para dentro da empresa. Essa situação trouxe a extinção para a nossa espécie, onde apenas os mais fortes sobreviveriam, tirando muita gente da sua zona de conforto.
O mercado exige muito e paga pouco porque sabe que o profissional se sujeita a isso, recentemente vi um anúncio onde um estagiário deveria possuir várias certificações em diversas áreas de TI. Desse jeito o perfil de estagiário que está na empresa para aprender, vai mudar para ser uma mão-de-obra barata e nada mais. Quando esse dia chegar ninguém vai querer virar estagiário!!!
Temos que estar atualizados sempre. Devemos tirar nossas certificações, sermos fluentes em outros idiomas, mas temos também que ser político, isso faz parte da realidade corporativa, queira você ou não, temos que no integrar mais com outros membros da equipe, temos que trabalhar mais perto do chefe a fim de entender o que ele realmente precisa e principalmente usarmos isso como forma de suporte para trabalharmos em condições adversas. Além disso tudo temos que ter Acabativa, Iniciativa só não adianta. Sem saber o que as empresas realmente precisam, talvez você não seja extinto, mas vai apenas garantir a feira no final do mês.
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